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Spa, comida leve à vontade e até hostess: bem-vindo a uma academia seis estrelas 454m5m

Nicho prospera sob impulso da busca por bem-estar 3y1j2f

Por Sara Salbert Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 7 jun 2025, 08h00

A corrida dos mais luxuosos hotéis do planeta para oferecer mimos inimagináveis, daqueles que viram objeto de aspiração e rendem posts pelo inusitado patamar que alcançam, é fenômeno que fez surgir uma nova classificação, ainda que informal: a dos estabelecimentos seis estrelas. A moda acabou migrando para o campo das academias de ginástica, terminologia, aliás, que vem se distanciando do que muitas delas são hoje — verdadeiros templos de bem-estar. Nesse nicho também se convencionou dizer que são seis as estrelinhas que definem espaços com direito a hostess para recepcionar o malhador, sauna, piscina, salão de beleza, spa, whey protein e grãos liberados, espaço com atividades para a criançada esperar os pais sem tédio e, claro, aparelhos de primeira linha para fazer o povo suar. Em cidades como São Paulo, Belo Horizonte e Brasília, o conceito, que surgiu nos Estados Unidos nos anos de 1990, vem ganhando impulso à base de uma clientela disposta a pagar mensalidades na casa de 3 000 reais, às vezes mais.

EM REDE - Mayara, na Six: muito networking entre uma e outra flexão
EM REDE - Mayara, na Six: muito networking entre uma e outra flexão (./Arquivo pessoal)

Essas academias ganham estofo no Brasil junto à ascensão do mercado de luxo, que vem movimentando 74 bilhões de reais por ano, com projeção de quase dobrar até 2030. A primeira no país a apostar na ideia de que malhar é apenas um pilar de uma experiência (bem) mais ampla foi a Les Cinq Gym, inaugurada em 2014 no bairro dos Jardins, em São Paulo. Ali, limita-se o número de frequentadores para que ninguém precise ar pelo dissabor de fazer fila para usar uma esteira. O rol de clientes, que inclui celebridades como Bruna Marquezine, Claudia Raia e Reynaldo Gianecchini, dispõe de pista de corrida ao ar livre e estética em spa. “O objetivo era trazer para o segmento padrões e preceitos do setor de luxo”, diz Rodrigo Sangion, CEO da Les Cinq Gym. Nesta era em que as pessoas buscam experiências completas, aquelas às quais se convencionou dizer que aguçam os cinco sentidos, oferecer uma área com tantos estímulos favorece a estada na academia. “Sinto mais vontade de ficar por lá e acabo me exercitando mais também”, diz o empreendedor Lucas Martins.

Outro embalo para as academias estelares vem da procura nos dias de hoje por personalização, algo que elas oferecem ao incluir personal trainers que não atendem mais do que cinco pessoas em uma jornada de malhação — uma de cada vez, claro, e com muita adaptação às condições individuais. Isso é o que 80% dos entrevistados ouvidos em vasta pesquisa feita pela empresa Epsilon dizem querer, afirmando estar preparados para pagar mais caro. Nessa seara da ultraexclusividade, a rede americana Equinox é caso exemplar no mundo. Chega a vender planos anuais de 220 000 reais em troca da promessa de alavancar as chances de longevidade não só por espantar os assustadores índices de sedentarismo nos Estados Unidos, mas por reunir uma equipe que se fia em dados biométricos e aplica estratégias de ponta para otimizar os resultados da malhação.

PAUSA MERECIDA - Salão: uma das várias atividades além da esteira
PAUSA MERECIDA - Salão: uma das várias atividades além da esteira (./Divulgação)
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Fora do Brasil, há locais que fazem até entrevista para saber se o aspirante a muito mais do que um mero pesinho se amolda ao perfil que querem imprimir ao negócio — método que até hoje vigora em certos clubes e não raro colhe críticas. Em Nova York, por exemplo, é prática corrente no Continuum Club, onde, entre uma flexão e outra, executivos e empreendedores aproveitam para tecer sua rede de networking tomando cafés proteicos. Algumas casas até organizam palestras com CEOs e eventos para promover encontros nos fins de semana. Frequentadora assídua da Six Sport Life, outra que desponta no horizonte do alto luxo, com bases em Brasília e em São Paulo, a paulista Mayara Fazio, 32 anos, conta que deu um salto nas vendas de sua marca de roupas fitness após aderir à academia. “Convivo lá com um grupo de pessoas que provavelmente não conseguiria encontrar nessa escala. Fez toda a diferença para meu negócio”, avalia ela, que aproveita também uma boa sauna a vapor. “Esse novo segmento puxa todo o setor na direção de uma régua mais alta, o que beneficia os consumidores”, diz Ailton Mendes, presidente da Associação Brasileira de Academias.

As raízes do fenômeno de agora foram fincadas três décadas atrás pelo americano David Barton, que fundou uma academia com seu nome em Manhattan em torno do conceito de que o ato de se exercitar poderia envolver uma vivência mais completa. Os treinos ali se desenrolavam num cenário de iluminação teatral e design sofisticado. Tanto tempo depois, o que se vê hoje é uma leitura radical da ideia, num movimento que ajuda a fomentar um mercado que, no conjunto, ainda se recupera do declínio registrado na pandemia. Dados recentes da plataforma Tecnofit mostram que 88% dos antigos alunos voltaram às salas de treino, e outros estão chegando. Em 2024, o país somava mais de 56 000 espaços de malhação em atividade, quase o triplo do registrado há dez anos. Tal crescimento veio acompanhado de uma mudança de comportamento do consumidor, com as pessoas enxergando o bem-estar como um investimento de longo prazo. É sob estes ventos que está para ser inaugurada neste ano, em Belo Horizonte, a The Beat Club. Número de estrelas autoproclamadas? Sete. Haja fôlego.

Publicado em VEJA de 6 de junho de 2025, edição nº 2947

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