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Rivais, porém parceiros: Superávit da balança brasileira tem ajuda de Trump e Milei

A balança comercial registrou saldo positivo de US$ 7,24 bilhões em maio; Exportações cresceram 11,5% para os EUA e 67,4% para a Argentina

Por Luana Zanobia Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 5 jun 2025, 22h13 - Publicado em 5 jun 2025, 16h53

A balança comercial brasileira registrou superávit em maio, fechando o mês com um saldo de US$ 7,24 bilhões. Os principais responsáveis por esse resultado foram a China, principal parceiro comercial do país, seguido dos Estados Unidos, onde as exportações brasileiras cresceram 11,5%, totalizando US$ 3,61 bilhões, e, supreendentemente, a Argentina. Este último, frequentemente lembrado como rival esportivo e parceiro econômico instável, surpreendeu com uma alta expressiva nas compras de produtos brasileiros: as exportações cresceram 67,4%, somando US$ 1,7 bilhões.

As exportações somaram US$ 30,16 bilhões no mês, praticamente estáveis em relação ao mesmo período de 2024, com queda marginal de 0,1%. Já as importações cresceram 4,7%, atingindo US$ 22,92 bilhões.  O saldo de US$ 7,24 bilhões representa um recuo de 12,8% frente ao ano anterior.  No acumulado do ano, de janeiro a maio,  superávit comercial também encolheu, em  30,6%, totalizando US$ 24,43 bilhões. o dado de hoje veio abaixo das expectativas, com exportações mais fracas do que o esperado na última semana do mês. “O resultado já refletiu parcialmente os impactos da gripe aviária, uma vez que os embargos começaram na segunda quinzena do mês. De maneira geral, a balança comercial segue fraca, com exportações andando de lado e importações ainda em nível elevado, embora com alguns sinais incipientes de desaceleração”, avalia a economista Julia Marasca, do Itaú. 

A corrente de comércio – soma de exportações e importações –  cresceu 1,9% em maio, alcançando US$ 53,07 bilhões. No acumulado do ano, entre janeiro e maio, esse valor chegou a US$ 249,42 bilhões, avanço de 3,4% em relação ao mesmo intervalo de 2024. Em outras palavras, o Brasil continua vendendo mais do que compra, mas o colchão que protege suas contas externas está cada vez mais fino.

Esse desempenho reflete não apenas a desaceleração da demanda de grandes parceiros como China e União Europeia, mas também o aumento das importações brasileiras. A maior fonte de receita externa do Brasil, a China (incluindo Hong Kong e Macau), reduziu suas compras em maio, com recuo de 0,5%, totalizando US$ 9,68 bilhões. Ainda assim, o país continua sendo o principal destino das exportações brasileiras. Apesar do montante, o número fica pequeno comparado a alta expressiva de 18,8% nas importações provenientes do gigante asiático, que somaram US$ 5,54 bilhões. A balança com o parceiro asiático segue superavitária, mas o crescimento das importações reduz sua contribuição líquida para as contas brasileiras.

Com os Estados Unidos, as exportações brasileiras avançaram 11,5% no mês, atingindo US$ 3,61 bilhões, enquanto as importações recuaram 5%, para US$ 3,63 bilhões. O resultado foi um déficit comercial de US$ 20 milhões – pequeno, mas simbólico. No acumulado do ano, o rombo chega a US$ 1,04 bilhão, revertendo o superávit histórico que o Brasil tradicionalmente registra com Washington. 

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O contraponto positivo veio do sul do continente, um inimigo histórico do país na arena esportiva.  As exportações para a Argentina comandada pela figura controversa do presidente Javier Milei – mergulhada em um severo ajuste fiscal e monetário – surpreenderam com um salto de 67,4%, alcançando US$ 1,7 bilhão em maio. O superávit com o vizinho foi de US$ 540 milhões, impulsionado por vendas de automóveis, máquinas agrícolas e produtos químicos. A corrente de comércio com Buenos Aires cresceu 34,1% no mês. Trata-se de um fôlego raro vindo de um parceiro tradicionalmente instável  e que, por ora, mostra resiliência sob a nova istração econômica.

O desempenho com a União Europeia mostrou enfraquecimento. As exportações caíram 5,9% em maio, para US$ 4,62 bilhões, enquanto as importações caíram levemente, 0,4%, para US$ 4,33 bilhões. O superávit com o bloco continua, mas estreitou-se. A queda nas exportações é atribuída, em parte, à desaceleração industrial na Alemanha e à redução da demanda por commodities agrícolas e minerais — áreas em que o Brasil é altamente competitivo, mas vulnerável a choques de demanda.

O saldo comercial positivo continua sendo uma âncora importante para a economia brasileira. Ele ajuda a conter a pressão sobre o câmbio, financia parte do déficit em conta corrente e transmite ao investidor estrangeiro uma imagem de equilíbrio macroeconômico. No entanto, o declínio do superávit, mesmo em meio a um crescimento da corrente de comércio, acende luzes amarelas. Se as exportações seguem ancoradas em produtos básicos, sujeitos à volatilidade dos preços internacionais, o crescimento das importações pode sinalizar maior dependência de bens industriais estrangeiros, refletindo a perda de competitividade da indústria local. Para um país que se diz empenhado em se reindustrializar e diversificar sua pauta exportadora, a tendência atual caminha em sentido oposto.

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